"Buscar sentido na Arte a destrói, simplesmente porque a Arte é o sentido dos sentidos"

Juliana Bonnet




quinta-feira, 20 de junho de 2013


O que é teatro social?

 

Mas afinal, podemos nos perguntar... O que é teatro social?

              Nós somos seres sociais, ou seja, vivemos em teia, vivemos em relação com os outros, com o mundo, com nós mesmos, com nossos sonhos e com muitas outras coisas que fazem parte de toda a complexidade do nosso “existir”.

                Muitas pessoas confundem o teatro social com o teatro político. O teatro político está intimamente relacionado com as questões políticas, e de partidos,  de gestões, de protestos, ENFIM... Relacionado à visões políticas.

O teatro social não necessariamente dialoga com questões políticas, e sim com o entendimento e relação das pessoas com o mundo, e umas com as outras... Como eu me relaciono? Eu sou alguém destacado da minha sociedade? Me sinto excluído?  Ou não? Me sinto pertencente e responsável pela sociedade? por onde eu vivo?

Quando estou inserido em meu grupo, tenho a capacidade e sensibilidade de olhar para o grupo como um todo, ou ainda me atenho a perceber apenas as MINHAS NECESSIDADES? Sou capaz de entender e perceber essa “TEIA” que eu vivo? Que eu dependo de você, você depende de mim, e nós dependemos de tudo que nos rodeia?

 Sim. Isso é teatro social. Ele trabalha e discute essas questões. O teatro social pode abordar alguma questão política ou mesmo críticas à sociedade. Porém não necessariamente depende de uma visão política para ser teatro social. O teatro social está relacionado com nossos impulsos de vida e dependência do social, relacionado com inclusão e respeito com os outros e com nós mesmos!

 

Juliana Bonnet

sexta-feira, 7 de junho de 2013


Relatório da Peça  “PRAZER”

Juliana Bonnet

Junho/2013

 

 

A dramaturgia da peça indicava desde o início do espetáculo um caminho de “fragmentos” e também de espontaneidade, aconchego e conforto no diálogo, No fim da peça, tive a oportunidade de questionar os atores sobre a construção da dramaturgia. Eles me informaram que todos os atores leram alguns livros de Clarisse Lispector, e todos eles participaram da construção da dramaturgia. O trabalho coletivo trouxe como produto muita riqueza de ideias e de beleza. Também contaram que o texto foi reestruturado, fragmentos mudaram de ordem, coisas saíram e entraram. E realmente, era nítido a frescura da dramaturgia.

                Na construção cênica, no cenário, era possível prever muitos assuntos e frases chaves que seriam vivenciadas durante o espetáculo. O cenário dialogava com a estrutura de “fragmentos” e com as inspirações que as obras de Clarisse Lispector trouxe para a obra. Quem conhecia as obras de Clarisse podia descobrir, somente olhando para o cenário, qual o tema da peça.

                A ambiência cênica era toda pensada nesse universo “Clarispectiano” e carregava múltiplos sentimentos e sensações. No cenário havia um forno, onde os atores colocavam comidas que eles iam fazendo durante a cena, e eles realmente cozinhavam. Custei a acreditar, e no fim da peça pedi um pão de queijo e ainda peguei a receita.

                Essa relação de real, na qual os atores não fingiam ações, eles realmente faziam as ações, trazia uma riqueza muito grande para os episódios na peça, pois a ação realmente era uma ação, e eles faziam como nós fazemos quando estamos em casa. Conversamos, cozinhamos, amamos, odiamos... Tudo quase que ao mesmo tempo. Era tudo tão real, que foi possível sentir a amizade, e ser amigo também, apesar de ter sido apenas uma “espectadora”.

                Os figurinos eram modernos e vivos. E a atuação dos atores era muito profunda. Também não me contive, e perguntei como era a realação entre eles. Eles me contaram que estão juntos na cia Luna Lunera há 10 anos e que são muito amigos. Realmente, a amizade transbordava pelo palco e alcançava quem estava em assistindo.

                As variedades dos objetos cênicos utilizados na peça traziam um ambiente muito rico. A luz, e os objetos dialogavam e traziam uma plástica, um lado estético, quase de uma pintura. As cores e luz realmente tiveram vida na peça, e era possível exprimir a partir delas várias propostas cênicas.

                Em suma, a disponibilidade e carinho dos atores também foi algo que foi tão rico quanto a obra. Foi maravilhoso partilhar um pouco do meu tempo para prestigiar e ser prestigiada no teatro com PRAZER.