Relatório da Peça “PRAZER”
Juliana Bonnet
Junho/2013
A dramaturgia
da peça indicava desde o início do espetáculo um caminho de “fragmentos” e
também de espontaneidade, aconchego e conforto no diálogo, No fim da peça, tive
a oportunidade de questionar os atores sobre a construção da dramaturgia. Eles
me informaram que todos os atores leram alguns livros de Clarisse Lispector, e
todos eles participaram da construção da dramaturgia. O trabalho coletivo
trouxe como produto muita riqueza de ideias e de beleza. Também contaram que o
texto foi reestruturado, fragmentos mudaram de ordem, coisas saíram e entraram.
E realmente, era nítido a frescura da dramaturgia.
Na
construção cênica, no cenário, era possível prever muitos assuntos e frases
chaves que seriam vivenciadas durante o espetáculo. O cenário dialogava com a estrutura
de “fragmentos” e com as inspirações que as obras de Clarisse Lispector trouxe
para a obra. Quem conhecia as obras de Clarisse podia descobrir, somente
olhando para o cenário, qual o tema da peça.
A
ambiência cênica era toda pensada nesse universo “Clarispectiano” e carregava
múltiplos sentimentos e sensações. No cenário havia um forno, onde os atores
colocavam comidas que eles iam fazendo durante a cena, e eles realmente
cozinhavam. Custei a acreditar, e no fim da peça pedi um pão de queijo e ainda
peguei a receita.
Essa
relação de real, na qual os atores não fingiam ações, eles realmente faziam as
ações, trazia uma riqueza muito grande para os episódios na peça, pois a ação
realmente era uma ação, e eles faziam como nós fazemos quando estamos em casa.
Conversamos, cozinhamos, amamos, odiamos... Tudo quase que ao mesmo tempo. Era
tudo tão real, que foi possível sentir a amizade, e ser amigo também, apesar de
ter sido apenas uma “espectadora”.
Os
figurinos eram modernos e vivos. E a atuação dos atores era muito profunda.
Também não me contive, e perguntei como era a realação entre eles. Eles me
contaram que estão juntos na cia Luna Lunera há 10 anos e que são muito amigos.
Realmente, a amizade transbordava pelo palco e alcançava quem estava em assistindo.
As
variedades dos objetos cênicos utilizados na peça traziam um ambiente muito rico.
A luz, e os objetos dialogavam e traziam uma plástica, um lado estético, quase
de uma pintura. As cores e luz realmente tiveram vida na peça, e era possível exprimir
a partir delas várias propostas cênicas.
Em
suma, a disponibilidade e carinho dos atores também foi algo que foi tão rico
quanto a obra. Foi maravilhoso partilhar um pouco do meu tempo para prestigiar
e ser prestigiada no teatro com PRAZER.